terça-feira, 30 de janeiro de 2007


(RE)LIDO # 2
CRAZY DIAMOND - Syd Barrett & The Dawn of Pink Floyd
Mike Watkinson, Pete Anderson, Omnibus Press, London, 1994

A história de Syd Barrett sempre nos despertou imensa curiosidade. Disponível desde 1990, este livro estava já na nossa posse desde 2002, mas só a morte do artista em 2006 precipitou a sua leitura. Da importância de Syd Barrett na música inicial dos Pink Floyd parecem não existir dúvidas. Esta obra faz, precisamente, a descrição de todo o ambiente londrino que rodeou a adolescência do músico e seus pares até à clausura em Cambridge, a partir de 1978, onde viveu até à sua morte. A amizade antiga com Roger Waters, a descoberta da pintura e da música (principalmente os Beatles e John Lennon) e, mais importante, as primeiras trips de LSD, filmada em video por um amigo e posteriormente editada em DVD (mas que o YouTube disponibiliza em parte). A dependência levaria ao descalabro e à sua precoce substituição por David Gilmour numa banda então em perfeita ascenção. Num ápice tudo se desmorenou, desde uma mal calculada falhada tournée americana, a faltas de comparência em estúdio e sessões de rádio. Em 1968, Syd acaba por deixar os Pink Floyd, situação já esperada mas adiada sentimentalmente por todos. Pormenorizado e sem rodeios, o livro baseia-se em testemunhos directos de amigos, namoradas e colegas de Syd, que confirmam o génio do músico, a sua capacidade inata para escrever canções (do primeiro album de 1967 “The Piper Down and The Gates of Down” dos Pink Floyd escreveu a maioria ), com uma enorme subtileza na utilização das palavras. O impacto de temas como “Interstellar Overdive” ou “Arnold Layne” numa cidade de Londres rendida aos Beatles, cedo transformou os Floyd na next big thing. São também contadas todos os episódios relativos à gravação dos seus albuns a solo e a ajuda dos outros Floyd na sua produção e conclusão. Curioso episódio da sua aparição em estúdio passados sete anos da separação nos estúdio em que os Pink Floyd gravavam “Shine on Your Crazy Diamond” tema a ele dedicado. Silencioso, de cabeça rapada e obeso, demorou imenso tempo até que os colegas o reconheceram emocionadamente... Syd era já um perfeito “Vegetable Man”, canção auto-retrato nunca editada oficialmente. A retirada do mundo da música aconteceu em 1972 com uma banda por ele formada chamada The Stars, mas a esquizofrenia impedia qualquer tipo de sentido e concentração. O livro retrata ainda a massiva e por vezes paranóica procura dos fãs e imprensa nas suas diversas residências de reclusão familiar em Cambridge. Aliás, mais uma vez, o YouTube é testemunho destes exageros... A falta de notícias do músico e a sede dos fanáticos leva a outras estratégias, como a de um A&R americano da Altlantic Records que, em 1992, escreve á família de Syd propondo mais de 200.000 libras por qualquer novo material de Syd, oferta pura e simplesmente ignorada.
Personagem a quem se atribui, quase sempre, imensa importância na história da música, este pequeno livro, escrito muito antes da morte do artista, prova definitivamente essa classificação, fechando o capítulo mais importante e frutífero dos Pink Floyd.

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