segunda-feira, 19 de novembro de 2007


(RE) VISTO #11
CONTROL

Direcção Anton Corbjin, 2007, em exibição
Torna-se difícil escrever sobre um filme como “Control”. A descoberta da música dos Joy Divison embora tardia (1984-85) marcou, como a muitos, as nossas influências e escolhas de outras bandas geradas pela sua dissolução. Como preconiza Vasco Câmara no “Público”, talvez quanto menos soubermos sobre os Joy Divison e Ian Curtis, mais vamos gostar da película. Coincidência ou não, Sam Riley, actor que interpreta (encarna...) o músico até à medula, não sabia até há pouco tempo, pelo que afirma, quem eram os Joy Divison, conseguindo, desta forma, uma intensa e brilhante composição da personagem/músico. No DN, João Lopes conclui, justamente, o evidente: “Num mundo perfeito, ele estaria entre os nomeados dos próximos Óscares”. A abordagem magistral (fotográfica...) que Anton Corbijin faz ao mundo mitificado e a preto/branco da banda de Manchester é, do ponto de vista narrativo, exemplar, funcionando como uma película momentânea que, durante duas horas, nos mantêm suspensos. Sem truques ou exageros, a depressão crescente de Curtis acompanha o desenvolvimento da sua música e poesia, num avolumar permanente de tristeza. A relação conturbada e depressiva com a esposa (“Love will tears us apart”), a descoberta de um novo amor, a luta contra a epilepsia (“She’s Lost Control”), ganham primazia em relação à formação da banda, à gravação dos discos, etc., sendo, deste ponto de vista, um filme mais pessoal, individual e biograficamente mais negro e auto-destrutivo. A pena que poderíamos eventualmente sentir no final, após o seu suicídio (“Isolation”), é substituida por um alívio profundo e redentor, dum epilogo mitificado que todos já conhecíamos e que no filme nos preenche com aquele soar arrepiante de “Walk in silence, Dont walk away, in silence” de “Atmosphere”. Sem exageros, um dos melhores filmes europeus dos últimos anos e um dos grandes de 2007 a que nenhum espectador, certamente, ficará indiferente.

JOY DIVISON – Atmosphere (dir. Anton Corbijin, 1988)

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