segunda-feira, 11 de maio de 2009

DEVOTCHKA, Casa das Artes, V.N. de Famalicão, 09 de Maio de 2009


Os Devotchka tem na multi-intrumentalidade uma arma certeira. São, na perfeição, um exemplo de etnicidade plural com base em Denver, Estados Unidos, mas que podia ter sede num qualquer país da América do Sul, do Leste Europeu ou da nossa Península. Esta raiz mistura diferentes laços e afectos, que vão do mariachi ao som cigano ou grego, da valsa ao bolero. Todos juntos, despertam e aceleram o nosso sangue latino e caem facilmente no nosso goto e tradição. Servem-se, entre outros, do violino, do bouzouki, do acordeão, do trompete ou contrabaixo e dum inédito “Sousaphone” iluminado que Jeanie Schroder orgulhosamente ostenta e executa alegremente. Depois há ainda Nick Urata, de voz suave, mas que nos pareceu um pouco baixa e escondida. Talvez a garrafa de vinho tinto com que entrou em palco e com a qual a todos saudou no final, fosse um sinal de um jantar regrado que impediu outros voos… Cintilaram “estrelas” do último disco como “Clockwise Witness” e “How It Ends” ou o já clássico “Basso Profundo”, brilhantemente suportado num imparável jogo de luzes. Mas o verdadeiro cometa ofuscante da noite foi a versão de “Something Stupid” que Sinatra escreveu para filha Nancy, aqui numa interpretação envolta por uma camada de charme e subtileza. A tudo isto a sala respondeu com palmas e ovações, mas não houve coragem ou à vontade para a dança ou ocupação de terrenos dianteiros. É certo que a banda manteve sempre uma atitude reservada, contida, mas em alguns momentos faltou muito pouco para que aquele click instantâneo tivesse acontecido. Uma noite verdadeiramente iluminada!

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