segunda-feira, 1 de junho de 2009

WILCO, Theatro Circo, Braga, 30 de Maio de 2009


Pela primeira vez em Portugal, os Wilco pisavam território desconhecido. Sem qualquer êxito na rádio, airplay em bandas sonoras ou hypes temporários, a banda é, certamente, um projecto de eleição para alguns maduros e dedicados fãs. Muitos deles, nesta noite, foram espanhóis que, apesar das oito datas previstas para o país vizinho em pouco mais de uma semana, escolheram Braga para a peregrinação. Contudo, a sala não estava cheia! Não será assim de estranhar que só ao fim de meia hora de concerto, Jeff Tweedy tenha, a frio, dirigido ao público algumas saudações, medindo as reacções e a temperatura. Até aí, já a consistência e rigor de uma banda com uma quinzena de anos se tinha feito sentir em doses excepcionais. Misturando temas dos quatro últimos álbuns, num alinhamento um pouco estranho, cedo se percebeu a notável harmonia e entrosamento destes seis músicos da velha guarda. Um som de sala sem reparos elevou ainda mais a perfomance, onde sobressaiu a polivalência multi-instrumental de Pat Sansone e as guitarras de Tweedy e de Nels Cline. Os três minutos do solo em “Impossible Germany” foram um dos maiores momentos da noite, mas outros se seguiriam. Provou-se também a excelente recepção a temas do disco novo, do qual escolheram cerca de meia dúzia de exemplos, com destaque para “One Wing”, “Bull Black Nova” ou “You Never Know”. O único encore funcionou quase como uma segunda parte, onde desfilaram, entre outros, “Heavy Metal Drummer”, “Sky Blue Sky” ou “Hate it Here”, mas nada superou os dez minutos alucinantes de “Spiders (Kidsmoke)”. Tweddy insistiu no pedido de desculpa por continuarem a tocar (!) e sugeriu ainda uma ida a Lisboa para ouvir outros temas entretanto solicitados pelo público, chegando a afirmar “that city don’t like us”, dando a entender a fraca adesão à bilheteira do Coliseu da capital.
Lamenta-se, desde já, o excessivo preço dos bilhetes, retirando a muitos a possibilidade de estar presentes num espectáculo há muito aguardado. Os Wilco são uma enorme banda, do melhor que o rock americano pode hoje oferecer, mas a captação e sedução não se faz, nos tempos que correm, com bilhetes a rondar os 45€! O preço vs qualidade não está em causa, mas não serve para justificar o exagero...
Em quase duas horas e meia de concerto, os Wilco não deixaram dúvidas quanto ao seu brilhantismo, mas a tal luz poderia ter sido ainda mais ofuscante. Sem triunfalismos ou exageros balofos, um concerto intenso e, para todos os efeitos, muito bom. (videos HugTheDj)

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