segunda-feira, 28 de setembro de 2009

(RE)VISTO #29


JEFF BUCKLEY – GRACE AROUND THE WORLD
DVD, Columbia, 2009
O património e legado que Buckley nos deixou no disco "Grace" de 1994, cedo obteve um reconhecimento global particularmente intenso no velho continente e em regiões, sempre atentas, como a Austrália e o Japão. As digressões associadas à promoção do disco, levou Buckley e respectiva banda a alguns programas televisivos de então, onde tocou quase todos os temas do disco. Estas interpretações, guardadas a sete chaves nos arquivos de diversos canais televisivos, circulavam em versões precárias entre fãs dedicados (basta ver o Youtube), masters cuja utilização legal Mary Guilbert, mãe do malograda artista, conseguiu, finalmente, reunir no primeiro DVD desta nova edição. Guilbert, produtora executiva, imaginou, então, uma versão de "Grace" com imagens, dando-lhe a mesma sequência do disco original, exceptuando "Corpus Christi Carol", difícil de encontar em boas condições e que aqui foi substituído por uma interpretação de “What Will You Say”. O resultado não desilude, mas não há aqui nada de novo que permita qualquer sensação de surpresa ou assombro.

Quanto ao segundo DVD, a desilusão é um pouco maior. As expectativas, sinceramente, não eram muito altas, mas desde 2004, data da sua estreia em alguns dos principais festivais de cinema, que "Amazing Grace" despertava inúmera curiosidade. Os prémios obtidos em alguns desses certames aguçavam ainda mais o apetite, a que se acrescentam os múltiplos e inexplicáveis adiamentos da sua edição em DVD. Recorrendo aos habituais testemunhos de amigos, músicos, etc. o filme vai, ao longo de uma hora, contando uma história já conhecida, repetida, que roça, por vezes, a banalidade. Comparando com o anterior "Jeff Buckley – Everyone Here Wants You" produzido pela BBC (e que pode ser visto, gratuitamente, online), onde participava um rendido Brad Pitt, nada há de arrojado ou particularmente interessante, transparecendo a sensação que a montanha pariu um rato, uma escavação desnecessária cujos resultados, tal como em alguma Arqueologia, seria preferível tapar tudo outra vez...
Uma palavra ainda para o design do embrulho, um exemplo demodée da responsabilidade do conceituado Edward Odowd, onde as fotografias de Merr Cyr são abafadas por um mau gosto de bradar aos céus. Jeff Buckley não merecia tamanha afronta!

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