quarta-feira, 3 de março de 2010

CIRCO DE QUALIDADE


A notícia da saída de Paulo Brandão do cargo de programador do Theatro Circo de Braga publicada pelos jornais “Diário de Notícias” e “Público” de ontem, suscitou, desde logo, um rol de comentários à portuguesa. O parágrafo do “DN” referente ao salário e às condições do contrato - “(…) auferia cerca de 11 mil euros/mensais e tinha um contrato sem termo que previa uma cláusula de rescisão.” – dá que pensar, mas a nós, como frequentadores pop-rock do espaço, preocupa-nos muito mais o futuro da programação. O teatro, reaberto no final de 2006, sempre esteve envolto em polémicas, principalmente entre os agentes sócio-culturais da cidade, mas o que é certo é que nos últimos dois anos as nossas viagens Porto-Braga diminuíram drasticamente. Tal como aconteceu com a Casa da Música (2005/2006), o Theatro Circo viveu no primeiro ano completo (2007) uma imbatível programação quanto à quantidade e qualidade dos concertos (memoráveis momentos com David Sylvian, Joanna Newson, Akron Family, Josh Rouse, Howe Gelb, Patrick Wolf, Susana & Magical Orchestra, Au Revoir Simone, Bonnie Prince Billy…), numa nítida estratégia de captação de públicos de todo o norte de Portugal e Galiza. Estará por avaliar, certamente, se o objectivo foi alcançado. Fica-nos a sensação que, apesar da região minhota ter mais de um milhão de habitantes (Viana/Braga) e de 15.000 alunos só na Universidade do Minho, a adesão local ainda deixa muito a desejar. Esperemos, no entanto, que o Theatro Circo mantenha uma aposta suficientemente alargada e de qualidade, porque ela faz falta a toda a região norte, nomeadamente, a um Porto penosamente esvaziado.

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