quarta-feira, 30 de junho de 2010

O MAIOR!

Já na altura este pedacinho nos deixou de rastos. Mesmo dois anos depois, não nos cansamos de o rever e rever...

terça-feira, 29 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI, Plano B, 28 de Junho de 2010


Em "Before Today", aclamado novo trabalho de Ariel Pink's Haunted Grafitti, há uma frescura e diversidade sonora surpreendente que um qualquer concerto ao vivo podia, num ápice, arruinar. Mas o que a compacta assistência presente no espaço portuense pode testemunhar foi um milagroso espectáculo de confirmação do brilhantismo de quase todas as canções desse álbum. Tendo em conta a quantidade de gente que cantarolou "Round and Round" ou a incontornável "Bright Lit Blue Skies" e os múltiplos pedidos de temas mais antigos, estamos, sem dúvida, perante um fenómeno em fase insuflável de rebentamento. A pose desafiante de Ariel Pink na frente do palco, um imprevisível misto de descuido e garra acelerada por contínuos cigarros, cedo ajudou à descontracção e a uma nítida boa onda. Como confessado ao iPsilon, Ariel Pink vive novos tempos de libertação e a eficácia dos quatro músicos que o escudam permitem-lhe uma confiança que antes faltava mas que agora demonstrou ser a chave do sucesso. Um enorme concerto de afirmação e o primeiro de uma previsível série de grandes espectáculos de verão.

TIGRALA: FINALMENTE O ÁLBUM!


Em 2009 os Tigrala surpreenderam meio mundo nas Curtas de Vila do Conde, talento posteriormente confirmado numa natalícia noite portuense. O trio comandado por Norberto Lobo faz música doutro mundo, seja ele qual for, imaginado ou real, para ouvir na sala de estar ou debaixo de água. A merecida e suspirada estreia em disco chega agora às lojas numa edição da Mbari e tem a primeira tiragem devidamente assinada pelos autores à venda exclusivamente na FNAC.

Tigrala from ivan goite on Vimeo.

VERÃO = COTTON JONES


O primeiro álbum dos Cotton Jones, ou seja, o duo Michael Nau e Whitney McGraw, fez parte obrigatória da banda sonora veraneante de 2009. O disco "Paranoid Cocoon" traduzia-se numa pop fresca e sem rodeios à medida de saudosos passeios de bicicleta, gelados de fim de tarde ou leituras entre mergulhos. A experiência pode vir a ser melhorada já este verão pois está pronto o segundo disco de originais intitulado "Tall Hours In The Glowstream" a ser editado em Agosto na Suicide Squeeze Records. O primeiro single "Glorylight and Christie" já roda ao vivo...

sábado, 26 de junho de 2010

BJORK E DIRTY PROJECTORS PELOS OCEANOS


A admiração de Bjork pelo génio dos Dirty Projectors tem já algum tempo. Partilharam o palco em Julho de 2009 num concerto de beneficiência nova-iorquino (foto) que resultou, pelo menos, num dueto improvável já destacado nesta casa e a colaboração não mais parou. Em Abril passado, o estúdio Rare Book Room de Brooklyn foi o retiro escolhido para gravarem juntos o EP virtual de sete temas "Mount Wittenborg Orca", que visa ajudar a National Geographic Society e a protecção dos oceanos. As doações podem e devem ser realizadas a partir de dia 30 de Junho, tendo por base mínima os sete dólares. Obrigatório, por todas as razões.

terça-feira, 22 de junho de 2010

CORAÇÕES AO ALTO


Há dois meses atrás Mayer Hawthorne decidiu terminar a sua digressão americana com a edição limitada duma t-shirt e uma pen usb em forma de coração onde se encontra uma fantástica versão do clássico tema "I Left My heart In San Francisco" popularizada por Tony Bennett. A acompanhar esta edição foi também produzido um excelente video e que nos deixa tantas saudades dos tempos aventureiros em cima de um skate... O cantor retro, que tem actuação marcada para o próximo dia 16 de Julho no Festival SBSR no Meco, tinha já editado o seu primeiro single "Just Ain't Gonna Work Out" sob o mesmo conceito, traduzido num agora raro 7" de vinil (foto) e respectivo videoclip.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

RUBY SUNS, Café Concerto, CCVila Flor, Guimarães, 19 de Junho de 2010


Não deve ter sido fácil aos Ruby Suns iniciar o concerto vimaranense. Habituados a espaços cheios e palpitantes como o Salão Brazil de Coimbra, palco que repetiram na quinta-feira passada, o panorama desolador do espaço do Café Concerto não foi, certamente, bom prenúncio. As entradas não eram caras (4€) e o adiantado da hora não serve de desculpa em noite quente e convidativa. Um fenómeno negativo sem explicação. Mas os Ruby Suns não se intimidaram e partiram para uma curta mas saborosa perfomance. O duo comandado por Ryan McPhun, que dividiu os samplers pela guitarra e até pela bateria, fez a sua festa à volta do último álbum de originais "Fight Softly", mas nem o já clássico e potente "Palmito's Park" levou os poucos aderentes a levantarem-se das cadeiras. Mesmo assim, os aplausos finais fizeram os Ruby Suns voltarem para uma versão à maneira de "Running Up that Hill" de Kate Bush, que McPhun aproveitou para ocupar a frente do palco com dança e palhaçada, no que foi secundado pelo técnico de som de serviço e um dos promotores. Se a montanha não vai a Maomé... Grande momento!

CLIENT, Casa das Artes, VNFamalicão, 19 de Junho de 2010


As Client sabem a lição toda. A pose estudada, os tacões altos e o fardamento sexy, a lembrar as velhas hospedeiras dos anos sessenta, resultaram num vistoso cenário que a eficácia do jogo de luz soube sobriamente evidenciar. O trio expressou alguns sorrisos, mas foi a tímida Client E, a baixista de serviço, a cativar-nos e a seduzir-nos pela sua aura misteriosa. Depois há a música, de teor electrónico, com base europeia e raizes nos Krafwerk e cuja frescura se foi perdendo ao longo da noite. As primeiras canções podiam ser as últimas e vice-versa, já que a sonoridade foi bastante linear e constante. A vocalista, Client B, foi a mestre de cerimónia de serviço, de voz segura e movimentos ensaiados, enquanto Client A, a teclista, manteve sempre uma postura algo reservada. Um concerto mecânico, sem falhas, a que faltou um pozinho de informalidade.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

FENÓMENO MANTA


O Festival Manta é já uma imagem de marca do Centro Cultural Vila Flor em Guimarães. Ar livre, excelente paisagem nocturna e um ambiente informal e acolhedor. Havia rumores de uma programação forte para a edição deste ano e o alinhamento agora divulgado não desilude. Três nomes do panorama alternativo, três boas escolhas: School of Seven Bells a 22 de Julho, quinta-feira, Blood Red Shoes a 23, sexta-feira e The Phenomenal Handclap Band (foto) para fechar a 24, sábado! Um evento com concorrência de proximidade, já que o Festival "Milhões de Festa" em Barcelos acontece quase nos mesmos dias... É uma farturinha!
Phenomenal Handclap Band "15 to 20" Official Video

The Phenomenal Handclap Band | MySpace Music Videos

quarta-feira, 16 de junho de 2010

É BARATO E DÁ MILHÕES


Agora que o Festival Paredes de Coura está, reconhecidamente, em agonia e que Vilar de Mouros cumpre penosos anos de adiamento, há algum ar fresco festivaleiro por terras nortenhas. A cidade de Barcelos prepara-se para receber a primeira edição do "Milhões de Festa" que decorrerá durante três dias (23, 24 e 25) do próximo mês de Julho, ou seja, uma semana antes de Coura. A organização, com diversas parcerias, é da recomendada Lovers & Lollypops que, fiel à tradição indie, propõe um cartaz atractivo onde se destacam os The Fall, Delorean (foto), Crystal Fighters ou Toro Y Moi. No recinto escolhido (Parque Fluvial do Cávado) não caberão certamente milhões, mas o evento promete "arrasar" uma cidade de forte tradição rock. E não vai ser preciso ter galo...

terça-feira, 15 de junho de 2010

3 X 20 JUNHO



20 canções:
. YEASAYER - Love me girl
. KONONO Nº 1 - Konono Wa Wa Wa
. EL GUINCHO - Hindu
. DELOREAN - Real Love
. JAMES YUILL - Crying for Hollywood
. FOALS - This Orient
. TAME IMPALA - Alter Ego
. ARCADE FIRE - Month of May
. BEST COAST - This is real
. SCHOOL OF SEVEN BELLS - Windstorm
. JULIAN CASABLANCAS - 11th Dimension
. BROKEN SOCIAL SCENE - Art House Director
. THE DIVINE COMEDY - At the indie disco
. NO KIDS - In dreamland
. KISSES - On the movie
. AVI BUFFALO - Coaxed
. DAMIEN JURADO - Rachel & Cali
. JOSH ROUSE - Don't act though
. RICHARD HAWLEY - There's a storm a comin'
. JOHN GRANT - Queen of Denmark

20 versões:
. STEVIE WONDER - We can work it out (The Beatles)
. SEÑOR COCONUT & HIS ORCHESTRA - Smoke on th water (Deep Purple)
. JENNY LEWIS & THE WATSON TWINS - Handle with care (Traveling Wilburys)
. PETE YORN - China girl (David Bowie)
. FOALS - The bed's to big without you (The Police)
. BRIAN COLBURN - You might think (The Cars)
. THE SUBMARINES - Waiting for a war (Morning Benders)
. EZEQUIEL EZEQUIEL - Cocoon (Bjork)
. BEN LEE - Float on (Modest Mouse)
. CLEM SNIDE - Heat of the moment (Asia)
. METRIC - The end has no end (The Strokes)
. THE ANTLERS - Waves (Holly Miranda)
. SHE IS IN DANGER - Who's that girl (Eurythmics)
. WILD NOTHING - Cloudbusting (Kate Bush)
. CROOKED FINGERS - Gentle on my mind (Glenn Campbell)
. ZEE AVI - Slow hands (Interpol)
. THE SNOW - I'm on fire (Bruce Springsteen)
. SAY HI - Kiss off (Violent Femmes)
. PAPERCUTS - Boys of summer (Don Henley)
. THE SHINS - Goodbye girl (Squeeze)

20 Remixes:
. PANTHA DU PRINCE - Welt Am Draht (Animal Collective Remix)
. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI - Round and Round (Phantom Power Remix)
. CRYSTLE CASTELS - Celestica (Thurston Moon Remix)
. EFTERKLANG - Modern drift (Oh No Ono's Cologne to Paris Remix)
. THE RADIO DEPT. - I don't need love (Oddlogic Granular Texture Remix)
. THE DRUMS - Forever and ever amen (Saint Etienne Remix)
. DELOREAN - Stay close (Banana Clipz Remix)
. EL GUINCHO - Antillas (Architecture In Helsinki Remix)
. MORNING BENDERS - Coldwar (Wallpaper. Winter Remix)
. TAME IMPALA - Vital signs (Midnight Juggernauts Remix)
. WE HAVE BAND - Honey trap (Le Matos Remix)
. HOT CHIP - One life stand (Carl Craig PCP Remix)
. DELPHIC - Counterpoint (Doorly Remix)
. KASPER BJORK - You again (Who Made Who & Tomboy Remix)
. YEASAYER - O.N.E. (Dave Edwards Remix)
. SEBASTIAN TELLIER - Elle (Kasper Winding Remix)
. GORILLAZ - On Melancoly Hill (She Is In Danger Remix)
. THE XX - Crystalised (Dark Sky Remix)
. MIDNIGHT JUGGERNAUTS - This New Technology (Emperor Machine Remix)
. FOALS - Spanish Sahara (Banga Tang Remix)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

JP SIMÕES, Passos Manuel, 12 de Junho de 2010

Quem repete a ida a um concerto de JP Simões tem sempre em mente "passar um bom bocado". Esta expressão implica, neste caso, duas componentes inseparáveis e complementares: a música, da melhor que em Portugal se pode oferecer e boa disposição quanto-baste. A dose desta última pode ser reforçada se a noite for já alta e a sala permitir fumo e bebida temperadora. No caso do Passos Manuel e atendendo às restrições impostas, não houve cigarros nem pedidos de lume e água de garrafa foi o único liquido ingerido entre os temas. Mesmo assim, o nonsense e sarcasmo letais marcaram presença nas invariáveis introduções e diferentes interpretações das canções escolhidas. Desde a referência à inquieta mãe Conceição para justificar a habitual versão de "Inquietação" de José Mário Branco, passando pelos "au au's" do cão chamado Deus ao longo de "Trovador Entrevado", já um clássico moderno da música portuguesa, há em JP Simões uma aura de decadência feliz a que é impossível resistir. A famigerada "Ópera do Falhado" tem, certamente, muita culpa nesta visão desgraçada e "patética" da vida, mas quase a brincar, Simões consegue pôr-nos a matutar sobre as adversidades do amor ("Música Impopular" e a inebriante "Canção da Carne Crua") ou a importância dos sonhos ("Lenda do Homem Pássaro"). Os tempos agora são outros, mais apertados e ditos de crise e o cantor mostra-se obviamente atento. Uma brilhante e inédita "Marcha dos Implacáveis", estreada já nos encores, teve no Presidente da República um destinatário com direito a dedicatória, mas, mais uma vez, os "atingidos" pela genialidade e hipnotismo de um autor brilhante fomos todos nós. Ainda bem.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

FAROL #83



Em final de semana particularmente waitsiano, nada como um docinho: Tom Waits no San Diego Folk Festival em Abril de 1974. São onze temas inesquecíveis disponíveis algures...

RADIOHEAD EM VERSÃO UKELELE


A irrequieta Amanda Palmer é uma caixinha de surpresas. Depois das Dresden Dolls e da mais recente e recomendada aventura Evelyn Evelyn, está já na forja um (mini) álbum inteiro de versões despidas de temas dos Radiohead com um simples ukelele. Dos êxitos escolhidos fazem parte "Fake Plastic Trees", "Creep", "High & Dry", "Exit Music" (bónus track) e "Idioteque", o primeiro single entretanto dsiponibilizado. O disco estará à venda exclusivamente em suporte digital no final de Julho a um preço simbólico mas que dificilmente cobrirá as despesas. Pormenores por aqui.


<a href="http://music.amandapalmer.net/album/idioteque">Idioteque by Amanda Palmer</a>

GOD MUST BE A MUSICIAN...

A edição 200 da revista MOJO já está nas bancas portuguesas. Toda ela é histórica, quer pelos relatos e temáticas, quer pela magnífica contribuição de Tom Waits. A não perder ainda uma selecção de videos disponíveis online. Uma nota muito especial para o fantástico editorial da pena do próprio Waits e que reza assim:
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Dear Reader
They have to feed cows magnets because of the metal that they eat... like cans, barbed wire, nails, no trespassing signs. They feed them magnets to collect it all in one part of the stomach so it can be removed.
Songs are like so much metal clanging around in me that I have ingested and cannot pass or digest... ant the sound of one song banging into another... that is my music.
God must be a musian because we all appear to be born with it already installed. It is like factory air on all models.

Some songs come out of the ground just like a potato... some tunes, if you break them open... you will find eggs.

When an orchestra is tuning up, I feel I have my ear to a keyhole and I can hear the music is getting dressed before the show.

The aborigines believe that the world was SUNG into existence... we hail the sparks that are embedded in songs. There are songs to word off, songs to bring forth, songs to restore life, songs to commemorate, songs to forget and songs to manifest... because songs contain miracles...

Apparently, there is a bird in the rainforest who has a song that is so beatiful and sings so infrequently that soon as he begins to sing, all the other birds are quiet so they can listen. I believe it is called a Belafonte bird.

There are great many beautiful sounds on this earth...

My wife's singing voice

Hungry Crows

Trolley bells

Ballgames on transitor radios

Tap dancers

Children when school's out

And then there is the sound of the Belafonte bird. The world is making music all the time...

The other night I woke up to a clear high and lonesome moan from a faraway hill... it was of the four-legged variety, coyote, probably the Hank III.

Again, there are great many beautiful sounds on this earth...

Remember, the music will always ask you if you are sure that you want to bring those tunes along... "You see we are going to the moon my dear... so make sure what you are brinnging is precisous, for the moonlings will be listening."

Enjoy the 200th issue of MOJO...

Tom Waits, Editor

ARIEL PINK NO PLANO B


Quando em Dezembro próximo começarem a surgir as listas dos melhores discos do ano, não será sem surpresa que "Before Today" de Ariel Pink's Haunted Grafitti surja eleito na maioria delas. No seu primeiro trabalho para a mítica 4AD, Ariel Rosenberg assina uma ode visionária primorosa, um exemplo de insistência e crença ao fim de nove álbuns desde 2004! Os Haunted Grafitti são agora uma verdadeira banda com bateria, baixo, guitarra e alguns teclados, dando ao projecto uma dimensão ao vivo, no mínimo, curiosa. Ariel Pink deixa assim de se apresentar sozinho, tal como aconteceu faz agora um ano nos Maus Hábitos e esta nova faceta poderá ser devidamente confirmada já no dia 26 de Junho no PlanoB. O lindo cartaz tem a assinatura de Mr. Esgar. Vamos ter que "roubar" um... No dia seguinte há ainda, para os mais afoitos, um espectáculo em Vigo. Fica o aviso.

EM GRANT!

O álbum "Queen of Denmark" de John Grant é um tratado. Com a ajuda de alguns Midlake, o ex-Czars concebeu um disco íntimo tremendo sobre religião, sexualidade, medos e triunfos. O tema título é, desde já, uma das canções do ano!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O REGRESSO DE UM ILUSTRE


Aquando da passagem por Guimarães em Outubro passado, Ed Harcourt tinha já levantado um pouco do véu que cobria um novo trabalho já na altura terminado e gravado em Seattle na companhia do produtor Ryan Hadlock. Surge agora a edição de "Lustre", o quinto disco de originais, multi-elogiado pela maioria da imprensa e que talvez eleve Harcourt ao pódio da pop inglesa. Seria merecido.

terça-feira, 8 de junho de 2010

BURNT SUGAR THE ARKESTRA CHAMBER, Serralves em Festa/Prado, 06 de Junho de 2010


O legado musical de James Brown pode e deve ser explorado de múltiplas maneiras. Uma delas, talvez a mais conveniente, é recorrer à fórmula "baralhar, tornar a dar, mas sem estragar". O que o colectivo Burnt Sugar Arkestra apresentou no encerramento do Serralves em Festa, foi um exemplo, a todos os títulos excepcional, das potencialidades exploratórias que a eterna e vibrante música do Rei da Soul permite. Vozes potentes, alguma improvisação, muita simpatia e alta mestria na conjugação de ritmos, aqueceram de que maneira a noite algo fria de encerramento da festa. Como em qualquer ambiente soul/funk, o destaque recaiu na secção de metais, aqui numa incomum mas potente versão e num constante baixo "a la Marvin Gaye" que fez as delícias dos mais atentos. Uma oportunidade rara para comprovar a irresistibilidade e grandeza da música negra (inesquecível aquele "Super Bad"), que pecou, no entanto, pelo demasiado alongamento da prestação (quase duas horas). De qualquer maneira, make/keep it funky!

DUETOS IMPROVÁVEIS #143

JONI MITCHELL & PETER GABRIEL
My secret place (Mitchell)
Álbum "Chalk Mark In a Rain Storm", 1988

segunda-feira, 7 de junho de 2010

BONAPARTE + dOP, Serralves em Festa/Prado, 05 de Junho de 2010


A noite maior do Serralves em Festa continua a apostar em projectos pouco conhecidos mas de forte teor cénico e provocatório. Tal como o ano transacto com os espalhafatosos Gravy Train, os berlinenses Bonaparte foram, já na madrugada de domingo, uma boa surpresa visual, mas musicalmente inconsequentes. Os temas tem refrões agitadores e de alguma anarquia, ("Computer in love", "L'etat c'est moi" ou "My horse likes you") e houve até algum moche e empurrão na frente do palco, mas mas a receita indie-punk não trás nada de novo. O líder da banda, Tobias Jundt, vestido de Napoleão e com pala num olho, comandou freneticamente os restantes músicos que envergaram máscaras e roupas circenses, mas as canções não se mostraram muito atractivas. Letras do género "You know Tolstoi, I know Playboy" também não ajudam muito. Depois houve um outro espectáculo de revista hard, esse sim, a prender a atenção da imensa plateia. Três ajudantes femininas entraram e saíram constantemente do palco, mudando de adereços na pele de novas e extravagantes personagens, desde uma criada matreira até uma enfermeira libidinosa, provocando o público, despindo ou rasgando trajes menores ou lutando até à nudez em cima do palco. Só faltou a lama... Não deu para perceber a coerência ou intencionalidade, mas o circo mereceu, ainda assim, muitas palmas.


Os franceses
dOP são uma dupla de dj's franceses a que se junta um irrequieto MC. O house que trouxeram é igual a tantos outros, num género de difícil distinção, mas que se mostrou adequado ao adiantado da hora e ao álcool entretanto ingerido quer em cima do palco quer entre a plateia. De forma inédita, o trio recebeu a colaboração incessante do guitarrista, trompetista e baixista da Burnt Sugar The Archestra Chamber que, apesar de só terem tocado ontem, não resistiram ao espírito festivo e tornaram o espectáculo mais apetitoso. Pena que o tal MC se tivesse mostrado um verdadeiro chato, mas seria ele a protagonizar o episódio mais caricato da noite. Ao convidar o público para subir ao palco, acto que uma corajosa jovem tinha já protagonizado com êxito, o tal MC não mediu a dimensão das palavras e rapidamente se viu rodeado duma pequena multidão de foliões. A parca segurança ainda tentou o impossível e o mesmo MC teve mesmo que ameaçar sobre a continuidade do concerto se a totalidade das pessoas não abandonasse o estrado. Daqui resultou a permanência de duas jovens que resistiram à ameaça e que ficaram entre os músicos, funcionando uma delas como uma verdadeira diversão extra para a generalidade do público. Dança, provocação, ginástica, com véu ou sem véu, com chapéu ou sem chapéu, com meias ou sem meias, com garrafa ou sem garrafa, a figurona não parou até ao fim, numa notável perfomance não programada, que muitos poderão considerar exibicionismo, mas a que ninguém ficou indiferente. Um espectáculo, por isso mesmo, irrepetível.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

ALICE RUSSELL, Teatro Sá da Bandeira, 3 de Junho de 2010

O velhinho Teatro Sá da Bandeira parecia o cenário ideal para um regresso de Alice Russell ao Porto há muito desejado. Atravessado estava um estranho concerto encafuado há já alguns anos numa discoteca da zona industrial que, apesar de competente, não permitiu aquilatar a verdadeira dimensão desta verdadeira soul sister. Ontem, pelo contrário, foi definitivamente tirada a prova dos nove, com um espectáculo em cheio e vigoroso, onde ao brilho de Alice Russell se juntou o profissionalismo duma banda de alto quilate. O alinhamento misturou temas mais antigos, como o fabuloso "Munkaroo", com recentes canções incluídas em "Pot of Gold", mas houve ainda tempo para deambulações pelas inúmeras colaborações com outros projectos. Neste âmbito, destacou-se "Music Takes Me Up", uma verdadeira peça de colecção vintage da autoria de Mr Scruff. Não faltaram, obviamente, as já famosas versões de White Stripes ("Seven Nation Army") e Gnars Barkley ("Crazy"), já no encore, provas inequívocas duma versatilidade vocal realmente única e que eleva Alice Russell ao pódio mais alto do novo soul-funk.

KYLIE NAUGHTY NAUGHTY

quarta-feira, 2 de junho de 2010

BOWIE UNCUTED


A revista Uncut de Julho, entre outros atractivos, reporta a história de Bowie como personagem Thin White Duke, com muita paranóia e cocaína à mistura e um ábum - "Station to Station" - nunca muito bem entendido. A must have.

terça-feira, 1 de junho de 2010

GALIZA EM CHEIO!


Os próximos meses afiguram-se recheados pela querida vizinha Galiza. Em Junho, para além de Micah P Hinson (dia 12, Vigo), do Sonar Galiza (A Coruna, dia 19) e no âmbito da programação do Xacabeo 2010, há ainda Chris Isaak em Ourense (dia 24) e Rufus Wainwright em Vigo (dia 29, Centro Cultural CaixaNova)! Podem comprar bilhetes aqui.
Em Julho, ao já anunciado e atractivo Festival Vigo Transforma junta-se a vinda do muito cá de casa Mark Eitzel a terras galegas (dia 19), mas ainda sem local definido. Mas não é só. Dia 14 há, para quem gosta, Norah Jones e dia 17 anuncia-se, nada mais nada menos, que Patti Smith & Her Band! Ambos os concertos são no Auditório de Castrelos de Vigo e os preços são únicos: 12€ e 10€. Estupendo!

SCOUT NIBLETT + HERE WE GO MAGIC + MARIANA RICARDO, Festival Curvo, Teatro Aveirense, 29 de Maio de 2010

Foi bom ver de volta Mariana Ricardo depois dos saudosos Pinhead Society e dos desaparecidos Munchen. Foi ainda melhor saborear canções em inglês de travo lusitano que, para além de uma pequena bateria e um baixo electrico, não dispensa um cavaquinho/ukelele! O conjunto de temas apresentado já há muito circula por aí, mas nós, distraídos, não demos conta. Gostamos particularmente de "Sunday is a common day", mesmo a acabar, por andam passeiam o Lou Reed e os Belle & Sebastian... Uma óptima surpresa, infelizmente a única da prometedora noite.



Classificados como "arrasadores", os Here We Go Magic, só em parte confirmaram esse título. Em final de tournée, o colectivo de Brooklyn até começou bem, com destaque para a sequência "Collector" e "Dual", dois dos pedaços mais bem conseguidos do último álbum "Pigeons". Depois, estranhamente, o espectáculo entrou em ritmo de cruzeiro, optando a banda pelo esticar de temas em registo psicadélico. Sem direito a encore, talvez o HWGM estivessem já a pensar num Domingo de praia na Costa Nova, pois o entusiasmo em cima do palco foi, francamente, insuficiente.




O regresso de Scout Niblett a Aveiro, desta vez na sala principal da cidade, foi uma experiência nada comparável ao íntimo concerto realizado há precisamente dois anos no Mercado Negro. Havia, agora, um novo disco para apresentar, mas a noite não correu de feição. Logo a abrir, um amplificador recusou-se a funcionar, mas a sua susbtituição só agravou a nítida má disposição da artista, já que o ruído de fundo manteve-se, de forma incómoda, até ao fim. Niblett nunca disfarçou a irritação, mas a indisposição até pareceu beneficiar a interpretação zangada de algumas canções. A fúria foi ainda mais notória quando assumiu, pela única vez, a bateria em "You're Beat Kicks Back Like Death" para nos fazer lembrar que "We're all gone die, we don't know when, we don't know how". Não houve conversas, apartes ou sugestões, tal como na versão simpática de 2008, onde chegou até a ser pedida em casamento. Não houve, também, apresentações, nem sequer do baterista que a acompanhou em alguns temas e que se limitou a entrar e sair do palco às ordens bruscas da artista. Quanto a encores, era, obviamente, uma ousadia. Pelas boas e más razões, este foi um concerto que ninguém vai esquecer, mas que muito dificilmente alguém vai querer repetir nos próximos tempos. Só se a medicação for alterada...

VIGO TRANSFORMA-SE


A cidade de Vigo recebe nos dias 8, 9 e 10 de Julho a primeira edição do festival TR4NSFORMA, um evento que aproveita alguns dos nomes que estarão presentes no Optimus Alive e até no Delta Tejo lisboetas e que surge no âmbito do Xacobeo 2010. Pela Galiza passarão, entre outros, Devendra Banhart, The XX, Fanfarlo, The Morning Benders, Fisherspooner, Miike Snow, Os Mutantes, Divine Comedy e, oh clemência, Mr. Wilco Jeff Tweedy! Falta ainda o anúncio de um nome forte para dia 10. Pena que haja alguma concentração de qualidade no dia 9, sexta feira, com The XX, Devendra e Tweddy a tocar quase ao mesmo tempo...
O preço é convidativo: 30€ para os dois dias principais! Haverá ainda um concerto de abertura no dia 8 de Julho que decorrerá no Centro Cultural CaixaNova onde actuarão os barceloneses Standstill, decorrendo o restante festival em dois palcos ao ar livre em pleno
porto da cidade. Vigo nos mata!