segunda-feira, 7 de junho de 2010

BONAPARTE + dOP, Serralves em Festa/Prado, 05 de Junho de 2010


A noite maior do Serralves em Festa continua a apostar em projectos pouco conhecidos mas de forte teor cénico e provocatório. Tal como o ano transacto com os espalhafatosos Gravy Train, os berlinenses Bonaparte foram, já na madrugada de domingo, uma boa surpresa visual, mas musicalmente inconsequentes. Os temas tem refrões agitadores e de alguma anarquia, ("Computer in love", "L'etat c'est moi" ou "My horse likes you") e houve até algum moche e empurrão na frente do palco, mas mas a receita indie-punk não trás nada de novo. O líder da banda, Tobias Jundt, vestido de Napoleão e com pala num olho, comandou freneticamente os restantes músicos que envergaram máscaras e roupas circenses, mas as canções não se mostraram muito atractivas. Letras do género "You know Tolstoi, I know Playboy" também não ajudam muito. Depois houve um outro espectáculo de revista hard, esse sim, a prender a atenção da imensa plateia. Três ajudantes femininas entraram e saíram constantemente do palco, mudando de adereços na pele de novas e extravagantes personagens, desde uma criada matreira até uma enfermeira libidinosa, provocando o público, despindo ou rasgando trajes menores ou lutando até à nudez em cima do palco. Só faltou a lama... Não deu para perceber a coerência ou intencionalidade, mas o circo mereceu, ainda assim, muitas palmas.


Os franceses
dOP são uma dupla de dj's franceses a que se junta um irrequieto MC. O house que trouxeram é igual a tantos outros, num género de difícil distinção, mas que se mostrou adequado ao adiantado da hora e ao álcool entretanto ingerido quer em cima do palco quer entre a plateia. De forma inédita, o trio recebeu a colaboração incessante do guitarrista, trompetista e baixista da Burnt Sugar The Archestra Chamber que, apesar de só terem tocado ontem, não resistiram ao espírito festivo e tornaram o espectáculo mais apetitoso. Pena que o tal MC se tivesse mostrado um verdadeiro chato, mas seria ele a protagonizar o episódio mais caricato da noite. Ao convidar o público para subir ao palco, acto que uma corajosa jovem tinha já protagonizado com êxito, o tal MC não mediu a dimensão das palavras e rapidamente se viu rodeado duma pequena multidão de foliões. A parca segurança ainda tentou o impossível e o mesmo MC teve mesmo que ameaçar sobre a continuidade do concerto se a totalidade das pessoas não abandonasse o estrado. Daqui resultou a permanência de duas jovens que resistiram à ameaça e que ficaram entre os músicos, funcionando uma delas como uma verdadeira diversão extra para a generalidade do público. Dança, provocação, ginástica, com véu ou sem véu, com chapéu ou sem chapéu, com meias ou sem meias, com garrafa ou sem garrafa, a figurona não parou até ao fim, numa notável perfomance não programada, que muitos poderão considerar exibicionismo, mas a que ninguém ficou indiferente. Um espectáculo, por isso mesmo, irrepetível.

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