quarta-feira, 28 de julho de 2010

NOVO FLEET FOXES QUASE A CHEGAR


Enquanto finalizam o sucessor do magnífico disco de estreia de 2008, os Fleet Foxes disponibilizam no seu site algumas fotografias das sessões de gravação e ainda um curto documentário da digressão conjunta do vocalista da banda Robin Pecknold e o seu projecto White Antelope com Joanna Newsom. O video, que foi realizado por Sean Pecknold, irmão de Robin, documenta, a preto branco, a tournée por terras americanas que se prolonga até ao final de Agosto. Entretanto, os espectáculos a solo (foto) tem servido para testar novas canções e algumas covers, incluindo uma versão de "On a Good Day" da autoria de Newsom que pode ser escutada via youtube e que foi já apresentada a dois em cima do palco...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

THE PHENOMENAL HANDCLAP BAND, Festival Manta, CC Vila Flor, Guimarães, 24 de Julho de 2010


O álbum homónimo que marcou a estreia dos Phenomenal Handclap Band em 2009 foi um dos nossos eleitos como "melhor do ano". A mistura de ritmos e géneros resulta numa fusão sonora imprevisível, mas muito bem feita, que vai do disco ao funk, do rock clássico até à soul mais melosa, a que é praticamente impossível resistir. Assim, para o concerto em Guimarães havia duas questões que, à partida, nos inquietavam: com que público e como é que ao vivo tamanho meltingpot irá ser apresentado? Quanto à adesão, ela foi, estranhamente, pouca e até desoladora. Quanto ao concerto, ele foi, no mínimo, poderoso, o melhor a que assistimos até hoje nos jardins de Vila Flor. Mesmo com a ausência do teclista Sean Marquand, um dos mentores do projecto juntamente com Daniel Collás, falta que nunca foi notada, o espectáculo arrancou, tal como no disco, com o já mítico "Journey to Serra da Estrela" (ver video abaixo cortesia HugTheDj) anunciado em português como "A Viagem à Serra da Estrela". A partir daqui a máquina demolidora de ritmo não mais parou durante uma hora e pico, num alinhamento que percorreu praticamente todo o álbum. O colectivo não deu tréguas aos presentes, mostrando empenhamento e boa disposição, desde o cromo Bing Ji Ling numa das guitarras e que encantou em "Baby", até às duas lindas meninas das vozes e pandeiretas, passando por Luke Riverside, outro frenético guitarrista. Gostamos mesmo muito de "I've Been Born Again", "The Martyr" ou o inebriante "You'll desappear", um potential hit que devia ser obrigatório em todas as pistas de dança do planeta e que foi melhorado ao vivo com o excelente baixo de Pier Papallardo. Uma noite quente, em todos os sentidos.

Já entre cervejas e autógrafos, a banda esteve em animado e caloroso convívio junto à relva. Finalmente, ficamos a saber que a "Serra da Estrela" é mesmo a serra portuguesa, já que Daniel Collás é filho de emigrantes nacionais com origem numa povoação daquela região e para onde viajava em miúdo para férias vindo do Brasil. A banda é um concentrado de aficionados pela música, sendo a maioria dj's, produtores e dedicados instrumentistas de gostos clássicos obviamente notórios. São apaixonados por Portugal, por onde andarão estes dias num curto período de férias depois de um ano intenso de concertos. Gostam, entre outras coisas, do vinho e também apreciaram muito o Dj Tiago (Slight Delay/Lux) que logo a seguir animou de forma irrepreensível o final da noite e que teve direito até a fogo de artifício inesperado no monte da Penha. Prometeram regressar, o mais rápido possível, já com álbum novo a ser gravado a partir de Outubro em Londres e para o qual todos escreverão temas. Prometeram, ainda, escolher o Porto como um dos locais a visitar e, se possível, dar um concerto num local mais pequeno, opção mais ao gosto duma banda ainda longe dos grandes palcos. Nós, obviamente, não vamos faltar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

SCHOOL OF SEVEN BELLS, Festival Manta, CCVila Flor, Guimarães, 22 de Julho de 2010


O percurso de uma banda como os School of Seven Bells é, podemos dizer, clássico. Muitos concertos ao vivo, digressões conjuntas, neste caso com os Blonde Redhead ou Bat For Lashes, e um primeiro álbum forte aclamado pela crítica. Esse disco, "Alpinisms" (2008), continha um série de canções de excelente calibre onde se notavam as vozes inatas das lindíssimas gémeas Deheza por cima duma paisagem sonora bem construída e orquestrada. Foram precisamente esses temas que mais brilharam na noite de ontem, com particular destaque em "White Elephant Coat", "Half Asleep" ou "My Cabal". O concerto, contudo, nunca levantou voo, mantendo uma toada constante e certinha, sem erros ou erupções de maior. O público, descobridor na sua maioria, aceitou e aplaudiu o final dos temas de bom grado mas sem grande entusiasmo, mantendo uma posição de expectativa. Há, no entanto, novo terreno para desbravar no mais recente álbum "Disconnect From Desire", mas que, pelo menos ao vivo, nos nos convenceu. Exemplo disso é o primeiro single "Windstorm" que é, sem dúvida, uma grande canção mas que perdeu muita da sua frescura no jardim de Vila Flor. Já no encore foi com "Sempiternal/Amaranth" que se viveu o momento mais intenso e longo da noite quando a brilhante e sónica guitarra de Benjamin Curtis fez, finalmente, alguns estragos.

terça-feira, 20 de julho de 2010

DUETOS IMPROVÁVEIS #147

LIARS (Angus) & ST. VINCENT (Annie)
New sensation (INXS)
Beck Record Club, "Kick" (INXS), Abril de 2010

O BERÇO DOS DEPARTMENT OF EAGLES


Em 2003 Daniel Rossen e Fred Nicolaus, companheiros de quarto na Universidade de Nova Iorque, gravaram num computador algumas canções, sob o nome de Department of Eagles, que se transformariam no primeiro álbum da dupla, "The Cold Nose". O resultado não foi muito do seu agrado e as experiências sonoras continuaram sob a inspiração dos Beach Boys de "Smile" e do incontornável Van Dyke Parks no sentido de refazer alguns erros. Este fervilhar criativo permitiu, no entanto, a gravação do aclamado "In Ear Park" (2007), embora a pesquisa e a insatisfação não tenham desaparecido. Pois bem, em 2006 a dupla decidiu regressar a essas esperiências e a resto é história. Há agora uma primeira conclusão com a edição de "ARCHIVE 2003 - 2006", disco disponibilizado a partir de hoje pela editora Bella Union, onde se reunem esquemas, demos e temas inéditos dessas sessões e que só agora vêm a luz do dia. Para todos os efeitos, um álbum experimental...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

BILL CALLAHAN ESCRITOR

 

Será posto à venda a partir de amanhã, via Drag City, o primeiro livro de Bill Callahan! Intitulado "Letters to Emma Bowlcut" a curta obra de ficção epistolar de cerca de oitenta páginas é considerada pelo próprio autor como "an epic poem in the form of letters". Se a prosa for tão boa como as canções...

CARROS!

Gary Numan, baterias, carros e, claro, o tema "Cars" em versão buzina. Publicidade bem feita...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

(RE)LIDO #23


CBGB, DECADES OF GRAFFITI
introduction by Richard Hell; text by Christopher D Salvers; photographs by John Putman. Nova Iorque, Martin Batty Publisher, 2006

Se ouvirmos falar de Country BlueGrass Blues a reacção é de indiferença. Mas se à expressão retiramos as iniciais e as juntarmos sob o nome de CBGB, claro que queremos saber sempre mais. Desde os tempos de liceu, quando um colega de turma envergava orgulhosamente uma t-shirt negra com estas maiúsculas, que o mito sempre nos fascinou. Para qualquer aficionado de rock & roll, o clube nova iorquino era uma meca geracional que fez crescer os Talking Heads, os Ramones ou os Blondie, mas que, infelizmente, nunca tivemos possibilidade de conhecer. Desde 1973, o CBGB, local onde não cabiam mais de 350 pessoas, recebeu milhões de rockeiros e não só, atraídos pelo ambiente, pela pacatez do espaço e, acima de tudo, pelas bandas que lá tocavam. Uma maioria, fiel à tradição, deixou inscritas no local milhares de mensagens, tags ou desabafos que perduraram no tempo. Este livro, editado em 2006, ano em que o clube encerrou portas, faz o registo para a posteridade dos tectos, paredes e soalhos das diversas salas, desde o palco às míticas casas de banho, onde se amontoaram, sobrepostas, múltiplas expressões e autocolantes. Há de tudo, desde dísticos banais ("Rock is Dead") a verdadeiras pérolas pós-modernas ("My father kill Kurt Kobain"), num fenómeno visual repelente para alguns mas que é, sem dúvida, um pedaço de património da música moderna. Apesar do encerramento polémico, o clube mantêm o site oficial, numa história intensa e ainda activa. As tais t-shirts continuam à venda e uma imperdível e espectacular viagem virtual pelo interior foi entretanto disponibilizada. Sinónimo do seu peso patrimonial, recordando as dezenas de álbuns e concertos gravados no seu interior, há também um documentário estreado em 2009 e que terá, em breve, edição em DVD.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

TRACEY THORN: UM POUCO DE BRISA


Mantendo a promessa de descrição, o video do novo single de Tracey Thorn foi, novamente, filmado no estúdio caseiro com os cúmplices habituais: o produtor Ewan Person e agora marido Ben Watt. A escolha recaiu sobre "Why does the wind", um tema sobre relações atribuladas, temática que preenche todo o álbum "Love And Its Opposite" editado em Maio. O desenho da capa continua magnífico às mãos da casa I Want Design e a versão 12" em vinil inclui remixes de Morgan Geist, Andre Lodemann and Michel Cleis. Mais uma grande canção de verão!

Tracey Thorn - Why Does The Wind Live At Home from Luke Slater on Vimeo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

BOWIE: TRIBUTO CARIDOSO


Segundo o site citizendick.org (!) está já pronto um novo disco de tributo ao mestre Bowie com data de saída a 14 de Setembro. O álbum duplo We Were So Turned On reunirá mais de quarenta covers por gente tão diversa como os Duran Duran, Warpaint, Megapuss, Madame Carla Bruni, Vivian Girls ou Edward Sharpe, embora a maioria dos artistas e bandas sejam uma incógnita. As vendas do disco, e da versão bónus do iTunes, reverterão a favor da War Child, uma organização de caridade já habituada a estas andanças musicais e para a qual o próprio Bowie tem contribuido. A versão de "Memory of a Free Festival" de Edward Sharpe & Magnetic Zero está já disponível para download no mesmo site.

3 X 20 JULHO


20 canções:
. ARIEL PINK'S HAUNTED GRAFITTI - Bright lit blues skies
. WILD NOTHING - Summer holiday
. THE DRUMS - Let's go surfing
. HARLEM - Someday soon
. FANFARLO - Fire escape
. ED HARCOURT - Do as I say not as I do
. AVI BUFFALO - Truth sets in
. THE MORNING BENDERS - Excuses
. FIELD MUSIC - Effortessly
. MENOMENA - Killemall
. TORO Y MOI - Low shoulder
. FOUR TET - Angel echoes
. THE RUBY SUNS - Cranberry
. JAMES YUILL - Sing me a song
. THE RADIO DEPT. - Memory loss
. FOALS - 2 trees
. GET WELL SOON - Seneca's silence
. THE DIVINE COMEDY - Down in the street below
. JOSH ROUSE - Cotton eyed Joe
. KAKI KING - Sunnyside

20 versões:
. ANDRE 3000 - All together now (The Beatles)
. THE DETROIT COBRAS - Last nite (The Strokes)
. BEN KWELLER - Wait (The Beatles)
. LOCAL NATIVES - Careful (Television)
. CHARLOTTE DADA - Don't let me down (The Beatles)
. THE KILLS - Pale blue eyes (Velvet Underground)
. PASSION PIT - Tonight, tonight (Smashing Pumpkins)
. THE BOTTICELLIS - Here I go again (Whitesnake)
. SAM AMIDION - Walking on sunshine (Katrina & The Waves)
. DIRTY PROJECTORS - Dark eyes (Bob Dylan)
. BON IVER - Come talk to me (Peter Gabriel)
. HOLLY MIRANDA - Lover you should've come over (Jeff Buckley)
. CHEW LIPS - Empire state of mind (Alicia Keys)
. JÓNSI - Time to pretend (MGMT)
. SERENA RYDER & THE BEAUTIES - Funeral (Band of Horses)
. THE WEDDING PRESENT - Back for good (Take That)
. ANE BRUN - Big in Japan (Alphaville)
. SNOW & VOICES - Go on your own way (Fleetwood Mac)
. THE MORNING BENDERS - Dreams (Fleetwood Mac)
. MAYER HATHORNE - I left my heart in San Francisco (Tony Bennett)

20 remixes:
. MIDLAKE - Roscoe (Beyond the Wizards Sleeve Remix)
. MARINA & THE DIAMONDS - Oh no! (Active Child Remix)
. DRAGONETTE - Easy (Fabian Remix)
. SCHOOL OF SEVEN BELLS - Half asleeep (Lusine Remix)
. EDWARD SHARPE & THE MAGNETIC ZEROS - Home (RAC Remix)
. MASSIVE ATTACK feat. Hope Sandoval - Paradise Circus (Gui BorattoRemix)
. MGMT - It's Working (Air Remix)
. THE NATIONAL - Afraid Of Everyone (We Plants Are Happy Plants Remix)
. LOCAL NATIVES - Eyes Wide (FoolsGold Remix feat. Aristotle Pop A Bottle)
. THE DRUMS - Let's go surfing (The Raveonettes Remix)
. STARS - Deah hearts (LightLover LA Remix)
. THE CONCRETES - Good Evening (Blackbird Blackbird Remix)
. WOLFMOTHER - White Feather (Tiedye Remix)
. HOT CHIP - I Feel Better (Den Haan Remix)
. THE HIDDEN CAMERAS - Underage (Holy Fuck Remix)
. TOKYO POLICE CLUB - Breakneck Speed (Andy Rourke Remix)
. CRYSTAL FIGHTERS - In the summer (Telepathe Remix)
. LINDSTROM & CHRISTABELLE - Lovesick (Four Tet Remix)
. N.E.R.D. - Hot N Fun (Yeasayer Remix)
. JANELLE MONAE feat. Big Boi - Tightrope (Organized Noize Remix)

terça-feira, 13 de julho de 2010

B FACHADA DE VERÃO


A notícia reza assim: "Está já disponível para download "Há Festa na Moradia", o disco com que B Fachada saúda o Verão. Tratam-se de sete novos temas, entre os quais 'Os Discos do Sérgio Godinho', com referências mais ou menos explícitas e grau variável de violência. Além dos mp3, quem descarregar o ficheiro ficará com a capa e contracapa (incluindo as letras) do LP 10" a lançar fisicamente em Agosto. Poderão também reservar exemplares do disco - pois será limitado a 500 unidades - escrevendo para o email mbarimusica@mbarimusica.com".
O download gratuito anda por aí...

DUETOS IMPROVÁVEIS #146

KAT & CODY
Bulletproof (La Roux)
2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

VIJAY IYER TRIO, Jazz no Parque, Serralves, 10 de Julho de 2010


O Festival Jazz no Parque nos jardins/ténis de Serralves é uma benção. Aliando a envolvência natural à música, tudo se funde num agradável retemperador de forças. Somente as incómodas trajectórias dos aviões (contamos oito) em rota de descida para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, rompem esta comunhão, sem que, no entanto a concentração aparente dos músicos sofra qualquer alteração. No sábado passado, coube ao pianista de Nova Iorque Vijay Iyer dar o tiro de partida de mais uma edição do já incontornável evento, apresentando-se em formato de trio com ajuda de um vigoroso contra-baixista e um virtuoso baterista. O aclamado álbum "Historicity" foi o pretexto para a visita, mas o reportório contou, logo no início, com alguns inéditos ainda sem nome e até duas quase impreceptíveis, mas magníficas, versões de temas de Stevie Wonder ("Big Brother") e Michael Jackson ("Human Nature"). Apesar da juventude, Vijay tem uma marca muito própria e inventiva de prolongar as peças e onde é notório um background diverso mas seguro e com uma enorme margem de progressão. A sua perfomance provou a grandeza da sua técnica e do seu virtuosimo minimal, que o eleverá, certamente, a patamares de sucesso que reconhecemos, nos últimos anos, em Mehldau. Simples, mas cintilante.

VASCULHAR #15


Aquando do Record Store Day de Abril passado bem procuramos forma de lá chegar mas a coisa evaporou-se num instante. Foi, pois, com surpresa que deparamos com um exemplar do lindíssimo maxi azul escuro dos MGMT com os doze minutos do tema "Siberian Breaks" à venda na Feira de Vinil que FNAC promove por estes dias! A canção é uma viagem alucinada pelas influências psicadélicas que a banda, em boa hora, assumiu e é descrita pelos próprios como um tema "about surfin in Arctic Circle by Russia". Ao vivo a epopeia tem uma apreciável reprodução. Limitado a 2000 exemplares, este 12" acompanhou a edição em vinil do álbum "Congratulations" disponível a partir daquele dia e o lado B é inteiramente preenchido por um fabuloso desenho em relevo a que, tradicionalmente, se chama "etched desin". Um disco que vale por muitos e muitos singles que os MGMT se recusaram a retirar do álbum e que julgavamos completamente esgotado. Heya!

DEVENDRA BANHART + JEFF TWEEDY + THE XX + FANFARLO..., Vigo Transforma, Vigo, 9 de Julho de 2010


Quis o destino que o primeiro dia do Festival Vigo Transforma reunisse um alinhamento imperdível aliado a uma atractiva relação preço-qualidade. Vinte e cinco euros por oito bandas/artistas é o que se chama, hoje em dia, um achado. Dois palcos, frente a frente, funcionaram como meta dum vai e vem incessante, mas calmo, pelos melhores lugares, sem intervalos ou tempo para filas de reabastecimento, numa maratona sonora vibrante, apesar de alguns altos e baixos.
Começaram os espanhóis Triangulo de Amor Bizarro, banda a que não demos particular atenção pois, nessa altura, ainda medíamos o recinto soalheiro e traçávamos estratégias de localização. Mesmo ao longe, o som a la My Bloody Valentine não desmereceu as fontes originais.
À medida que o público ia engrossando, decidimos apostar na frente do palco oposto (Escenario Xacobeo) onde
Devendra Banhart faria, logo depois, a sua aparição. Envergando um t-shirt dos Modest Mouse, cedo se percebeu que festa era coisa que não ia faltar. Pondo de lado o seu reportório mais calmo e pastoral, Banhart e companhia trataram de semear a boa disposição, recorrendo aos refrescantes "Baby", "Can't Help But Smiling", "Goin' Back" ou "Rats" do último "What Will We Be", mas houve também sorvetes mais antigos como "Shabop Shalom" e o funktástico "Lover" do álbum "Smokey Rolls Down Thunder Canyon" ou, ainda, "Long haired child" de "Cripple Crow". Após "16th & Valencia Roxy Music", Banhart contou a história duma viagem de infância com os pais nos idos anos oitenta quando ouviu pela primeira vez no rádio do carro o tema "Tell it to my heart" de Taylor Dane e vomitou! A versão que se seguiu (video abaixo), pôs toda a gente a cantar e a dançar ao jeito de guilty pleasure colectivo, num momento inesquecível a que só faltou, logo a seguir, o clássico "I Feel Just Like a Child", naquilo que seria a sequência lógica dessas memórias... Já no final, tempo para "Carmencita", tema insistentemente pedido por alguns dos presentes e que culminou, convenientemente, uma hora de verdadeiro concerto veraneante e bastante saboroso. (videos Hugthedj)


http://vimeo.com/13235846 from hug the dj on Vimeo.


http://vimeo.com/13237443 from hug the dj on Vimeo.


Sozinho em palco (Escenario Heineken), rodeado por seis guitarras acústicas, Jeff Tweedy sabia ao que vinha. Público conhecedor e respeitador ou não fossem os Wilco uma verdadeira instituição por terras espanholas. De frente para o sol radioso e cabelo ao vento, Tweedy ofereceu a todos um iluminado espectáculo ao jeito de best of com direito até a músicas novas. Ao fim de meia hora, já se tinham ouvido "Sunken Treasure", com que abriu, "One Wing", "Please be patiente with my heart", "Hummingbird" ou "You and I", numa mistura primorosa de canções antigas e recentes. Estreou "You're not alone", tema título do novo disco, por ele produzido, da soul legend Mavis Staples e encantou ainda mais com a pérola "Jesus, etc" e uma curta interpretação de "Impossible Germany". Para o fim guardou "Heavy Metal Drummer" entoado por todos e "Ghost is Born", atirando-se ainda, corajosamente, a um "I'm the man who loves you" de arrepiar. Numa palavra, mágico. (videos Hugthedj)


http://vimeo.com/13238481 from hug the dj on Vimeo.


http://vimeo.com/13239176 from hug the dj on Vimeo.


Os XX foram, obviamente, os principais responsáveis pela enchente do recinto. Fenómeno juvenil, mas não só, um pouco por todo o lado, notava-se o frenesim histérico de muitas e muitos prontinhos a cantar o disco de ponta a ponta. Há, no entanto, alguma coisa ao vivo que não resulta. Talvez o minimalismo de muitos dos temas impeça alguma improvisação, o que deixa o trio preso a uma pauta redutora, ou talvez, como nos parece, a banda ainda não alcançou um patamar técnico dominante que lhe permita outros voos. A postura foi, contudo, recatada e notou-se a preocupação em reproduzir, sem falhas, o álbum de consagração. Nesse particular, os quarenta minutos do concerto foram um êxito previsível com assinalável vibração durante "VCR" e "Basic Space", mas pairou a sensação deste ser mais um dos inúmeros e idênticos concertos que a banda tem realizado no último ano. Sem surpresas, cumpriram-se os serviços mínimos.



http://vimeo.com/13252118 from hug the dj on Vimeo.


Surpreendentes foram os Fanfarlo. O disco "Reservoir", editado o ano passado, é uma colectânea de canções saídas da inspiração de Simon Balthazar, um sueco residente em Londres, que apostou no indie-folk. A receita, que transpira Arcade Fire ou Beirut por todo o lado, é no entanto irresistível. Usando um trompete, violino ou clarinete, o colectivo cedo arrecadou a atenção dum público que conhecia muitas das canções. Exemplos dessa simbiose foram "Fire escape", "Drowning Man" ou "The walls are coming down" que agitaram, e de que maneira, a plateia e que logo foram transformadas em hinos colectivos. Pela simpatia e entrega, mas principalmente pela qualidade evidenciada, os Fanfarlo arriscam um crescimento precoce sustentado e que um qualquer palco de festival português deveria, rapidamente, comprovar.

http://vimeo.com/13254032 from hug the dj on Vimeo.

Depois de quatro horas em pé, seguiu-se um intervalo merecido para a cerveja desejada e um perrito deslavado, embora o festival não tivesse parado. Os Love of Lesbian, um fenómeno tipicamente espanhol que concentrou a atenção da larga plateia em delírio, serviram de musak para, junto do palco oposto, se retemperaram forças e perceber que o nível dos concertos já passados muito dificilmente seria batido.
Os Mutantes, ou o que resta deles, ainda prometeram algum frenesim quando logo ao terceiro tema largaram a "Minha Menina", mas a restante perfomance, apesar de enxuta, não convenceu. Palmas, no entanto, para a coragem.

Quanto aos Miike Snow, a irritante postura e, já agora, o tom de voz do vocalista, cedo nos fizeram desistir dum electropop sensaborão que outros projectos semelhantes conseguem com melhores resultados (Passion Pit. p.ex.).
Resultado final: um dia de alguns desequilíbrios sonoros, mas que as actuações memoráveis e consistentes de Devendra e Tweedy permitiram transformar em ganhos de mais valias.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

(RE)VISTO #33


"FESTIVAL!"
de Murray Lerner. EUA, 1967 (Canal ARTE, 8 de Julho de 2010)
Ontem à noite, enquanto a SIC Radical transmitia em directo de Oeiras uns desinspirados Kasabian e Faith No More, a canal Arte fazia também serviço público com a passagem deste assinalável filme sobre o famoso Newport Folk Festival de 1963 e de 1965. O centro das atenções era a dupla Joan Baez/Bob Dylan, mas o documentário não se esgota nas suas actuações, fazendo um assinalável viagem pelo gospel, blues, country e o obrigatório folk. Para isso, contam-se nomes mais conhecidos como Donovan, Peter Paul & Mary, Judy Collins ou Johnny Cash, mas há um desfilar duma variedade de artistas e bandas quase esquecidas que reforçam a mistiçagem e raiz sonora da música norte-americana. O brilhante preto e branco e o ritmo do filme são de um mestre que filmou também Hendrix ou Cohen e que tem no público festivaleiro a personagem central. Do mais jovem e desinibido ao mais idoso e sábio, os seus testemunhos são hoje verdadeiras lições de historia, num retrato de época pré summer of love inesquecível. A polémica passagem de Dylan pelo evento é ao de leve retratada, pois ela está em exclusivo documentada num outro DVD filmado simultaneamente por Lerner. "Festival" repete no mesmo canal dia 13 e 28 de Julho pelas 3 da manhã.

BOAS VIBRAÇÕES

O canal franco-alemão Arte é um pequeno oasis televisivo. Zero publicidade, programação diversa e coerente, bom gosto constante e sem alaridos histéricos, fazem do Arte um case study sobre o lugar dos media tradicionais em tempos de valorização do imediatismo e virtualidade. Desde 2007, o canal prepara uma programação especial de verão e a temática escolhida para este ano são os anos sessenta. Documentários, filmes, concertos ou filmes dos Beatles a Elvis, de Chabrol a Godart, de Miles Davis a Joan Baez, há uma mistura atractiva de temáticas e mitos para redescobrir. Notável ainda o clip exclusivo que o canal preparou com os Beach Boys por perto.

PRINCE NUM QUIOSQUE PERTO DE SI?


É já amanhã que a edição do jornal inglês Daily Mirror oferece o novo trabalho "20Ten" de Prince, um regresso, pelo que parece, ao bom funk. Está prometida a edição de mais de 2,5 milhões de exemplares que nunca chegarão às lojas, sendo a compra do jornal a única forma de o obter. Não está claro que o tablóide inclua o CD em países fora de Inglaterra, mas o álbum será também destibuído noutras publicações na Alemanha, Bélgica e Escócia. O artista, com visita marcada para Portugal (Meco, 18 de Julho), anda em verdadeira guerra com a indústria. Retirou todos os videos do Youtube e músicas do iTunes, declarando que a Internet está morta. Está tudo crazy!

NOVO AMC EM PREPARAÇÃO


Como prometido, Mark Eitzel anunciou no seu blog um novo disco dos American Music Club para o qual acaba de compor sete canções. As reacções foram imediatas, como se pode ler nos comentários dos fãs. O músico respondeu que o álbum será de teor acústico e será gravado já em Agosto, deduzindo-se ainda que a editora será a Merge Records. Promete-se também uma digressão da banda. Um dos temas tem o nome de "Destroy All Monsters" que o próprio confirmou ser inspirada na velhinha banda de Detroit com o mesmo nome.
Entretanto, Eitzel tem uma digressão de seis datas marcada para Espanha já partir de dia 17 de Julho, mas, infelizmente, o concerto agendado para a Galiza no dia 19 não teve, até agora, qualquer confirmação.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

(RE)LIDO #22


FAMILY
Photographs by Lauren Dukoff. San Francisco, Chronicle Books, 2009

Em Fevereiro do ano passado fizemos por aqui a recomendação prévia deste livro sem o ter entre mãos. Agora que o podemos desfolhar e cheirar, dobramos os elogios cegos então feitos e concluímos, rapidamente, que estamos perante um verdadeiro pedacinho de amor sentido pela música. As fotografias de Laurean Dukoff, Lo para estes amigos (Devendra Banhart, Vashti Bunyan, Bat For Lashes, Cibelle, Espers, Jana Hunter, Bert Jansch, Little Joy, Megapuss, Joanna Newsom, Rio en Medio, Spleen e Vetiver), são duma ternura irradiante, muito por culpa, certamente, da humildade e até simplicidade que a grande parte dos artistas retratados evidencia. Dukoff aplica a alguns deles uma camada de timidez sem idade, desde uma Vashti Bunyan que se esconde atrás dum sorriso ou uma Cibelle colorida, mas sem rosto, passeando por um jardim londrino. Depois há um outro lado mais cénico e galhofeiro, quando Devendra e restante pandilha se pintam e vestem como Cockettes, numa atitude desafiadora. Contam-se pelos dedos as fotografias tiradas em cima de um palco, sendo a maioria captadas em ambientes caseiros ou entre a natureza, tão ao jeito desta comunidade freefolk. Entre elas, gostamos particularmente de um Devendra de longas barbas sentado num sofá que pertenceu a Jim Morrison, vestindo um casaco de Mick Jagger e com um chapéu de Bob Dylan que lhe assentam na perfeição. Um livro com música por dentro e por fora e que se torna imperdível, tal como o concerto de Devendra Banhart hoje em Oeiras ou amanhã em Vigo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ROCK PORTUGUÊS EM SELOS


Numa escolha do radialista Luís Filipe Barros (Rock em Stock), será posto à venda no próximo dia 19 um conjunto especial de selos com reproduções de capas de discos de bandas portuguesas. Os eleitos são o Quarteto 111, GNR, Rui Veloso, Xutos & Pontapés, Heróis do Mar, Moonspell e UHF que, segundo o especialista e gostos à parte, gravaram alguns dos mais importantes álbuns da história do rock feito em Portugal. Todos os selos tem o valor de 1€ e poderão ser utilizados em correspondência para Portugal e estrangeiro.

terça-feira, 6 de julho de 2010

DUETOS IMPROVÁVEIS #145

SÉRGIO GODINHO & B FACHADA
Os discos do Sérgio Godinho (Fachada)
Momento Improvável Nokia Onlive, 26 de Maio de 2010

segunda-feira, 5 de julho de 2010

FAROL #84



A quarta aventura do Record Club de Beck está terminada. O desafio consistia na cobertura total do álbum de 1987 dos INXS "Kick", donde foram retirados alguns hits de sucesso como "New Sensation", "I Need You Tonight" ou "Devil Inside"... O projecto contou com a colaboração de St. Vincent, dos Liars e dos Mutantes e o resultado está já disponível. Entretanto, uma nova sessão está em andamento com a ajuda de Thurston Moon (Sonic Youth) e dos Tortoise. A intenção é agora a reprodução do disco "Yanni Live at the Acropolis" !!!!

ARCADE FIRE POR PERTO


Continua admirável a programação do Xacobeo 2010. Para além da confirmação de um concerto de Leonard Cohen em Ourense (11 de Setembro), está também assegurada a vinda dos Arcade Fire uma semana antes (dia 5, Monte de Gozo) a Santiago de Compostela. O concerto surge no âmbito do MTV Day Galícia e terá, aparentemente, entrada gratuita! Pela proximidade, aumentam, assim, as hipóteses de um espectáculo português nessa altura.

RICKIE LEE JONES, Casa das Artes de V.N. de Famalicão, 3 de Julho de 2010


Trinta anos de carreira, quinze álbuns e alguns Grammys fazem parte do intocável currículo de RLJ. Tamanha dimensão não é, contudo, sinónimo de popularidade e euforia, pelo menos em Portugal. Já na anterior e inesquecível passagem pela cidade minhota, em 2008, na companhia de Petra Haden, o auditório não encheu, mas esta segunda insistência teve ainda uma menor adesão. A artista acusou o toque e logo a abrir comentou o esforço da viagem para tocar para setenta pessoas, a mais pequena plateia da sua carreira, segundo a própria, ameaçando com um tímido “Portugal nunca mais”... Resignada, mas firme, arrancou para um adequado “Nobody knows my name” de “The Sermon on Exposition Boulevard”, disco esquecido há dois anos atrás, mas que noite de sábado, felizmente, recuperou. Ao seu lado esteve Jose Mari Maramba, baixista de infindáveis recursos e Wyatt Stone, um miúdo polifacetado mas ainda “verde”, que, em substituição do experimentado Lionel Cole, se desdobraria pela bateria, piano, guitarra, bandolim e até concertina. Os três, em ritmo informal e de sala de ensaio, mas sempre com uma Rickie comandante e de voz marcante, percorreram parte do seu enorme património de composição sem uma setlist aparente mas deversificada onde couberem "Satellites" ou o inesperado "Horses". Assim, do disco de estreia (1978) alinharam-se “The Last Chance Texaco”, “Weasel and The White Boys Cool” e “Young Blood” com Rickie na bateria (!), mas faltou inexplicavelmente (ou não, como castigo...) “Chuck E.’s in love”. Ao piano, os temas eleitos foram na maioria retiradas do grande álbum que é “Pirates” (1981), soando perfeitos os clássicos ”We belong together”, “A lucky guy” e “Living it up”, aqui numa longa, mas vibrante, versão quase ao jeito de remistura, muito por culpa de um baixo carregado e envolvente da autoria de Maramba. Já de volta à guitarra, tempo ainda para uma passagem pelo último “Balm in Gilead”, uma colectânea de canções antigas em bom tempo retomadas, donde se destacaram os magistrais “Bonfires, “Wild Girl”, dedicado à filha Charlotte e o espiritual “His Jewelled Floor. Tudo terminaria, sem direito a encore, com a reza “Road to Emaus” do tal “The Sermon...”. Em dia de calor, a noite foi só agradável, quando tinha tudo para ser memorável. Faltou mais vontade e público para que o tesouro ficasse totalmente a descoberto.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

(RE)LIDO #21


MR. S - THE LAST WORD ON FRANK SINATRA
de George Jacobs e William Stadiem. Londres, Pan, 2004
Séries de televisão, foto-biografias, biografias autorizadas ou à revelia, há uma imensidão de imagens, informações e rumores sobre o mundo "Sinatra". Há até o retomar do biopic da autoria de Martin Scorcese que, segundo o revelado, será adequadamente ao jeito de "Godffelas"! Este pequeno livro é, no entanto, especial. Depois de várias recusas e tentações, George Jacobs, que acompanhou Sinatra na intimidade de 1954 até 1968, decidiu, em 2004, contar, finalmente, o que sabia. Com a ajuda de William Stadiem, Jacobs confirma, com o seu testemunho, todas e mais algumas das peripécias e manias de uma das maiores lendas do século XX. São páginas seguidas de tricas, confidências, traições e esquemas de uma vida alucinada e que teve em Ava Gardner a personagem central. Quando em 1953, Gardner bateu com a porta, o tal mundo de Sinatra nunca mais foi o mesmo. Como seu confidente, criado ou cozinheiro, Jacobs esteve sempre perto das maquinações para a reconquista do tal amor, mas pelo meio há uma constante receita explosiva de sexo (Marlyn Monroe, Peggy Lee, Judy Garland, Laurence Bacall, Garbo e tantas outras) e política, com as famosas ramificações mafiosas ou a curta amizade com os Kennedy's. É um retrato de uma época de caça às bruxas, apimentada pela cor da pele do próprio Jacobs, numa América racista e plena de preconceitos, o que criou inúmeras situações embaraçosas que o próprio Sinatra ajudou sempre a ultrapassar. Ao longo do livro confirmam-se alguns dos seus ódios irredutíveis (a droga ou a homosexualidade p.ex.), mas impressiona o grau de ciúme ou raiva que uma alma tão obstinada pode alcançar. Em desespero de causa, o casamento com Mia Farrow em 1968 seria, como conhecido, a última das grandes auto-armadilhas que espantaram o mundo. Uma das vítimas foi o próprio Jacobs, despedido no auge de uma das tais neuras ciumentas. Um livro intenso, sarcástico e que dava um grande filme. Como convém...