terça-feira, 23 de julho de 2013

(RE)VISTO #53





















PEARL JAM - TWENTY
de Cameron Crowe. EU; Monkeywrench Inc./Sony Music, DVD, 2011
Sabemos bem o qual era a euforia que a banda de Seattle espalhava por esse mundo fora há mais de quinze anos. Letras na ponta da língua, energia contagiante e, no caso português, uma estreia apoteótica e caótica no demolido Pavilhão de Cascais em 1996, donde saímos rendidos, suados e, sinceramente, satisfeitos (por falar nisso, o concerto está todinho no youtube). O limite dos Pearl Jam parecia nessa época longe de prever, mas notava-se sempre por parte da banda o despoletar de uma série de travões preventivos em jogadas de auto-defesa na tentativa de acalmar uma ascensão rápida mas, notoriamente, perigosa. Perceber a explosão do fenómeno não será difícil de explicar (só o terceiro de originais "Vitalogy" editado em 1994 vendeu 5 milhões de cópias) numa época de pleno auge do chamado grunge e glorificação da MTV. Mais difícil seria, no entanto, documentar com eficácia tamanho fenómeno sem resvalar para a trivialidade e maneirismo chato. O que Cameron Crowe desenvolve ao longo dos 120 minutos deste filme comemorativo tem, pelo menos, uma virtude - está cá tudo: a formação, os primeiros concertos, as rivalidades, o Eddie Vedder trapezista (que em Cascais quase que acabava mal...), o chamamento da MTV, a moda grunge, o afrontamento à Ticketmaster, a relação e amor e ódio com os Nirvana ou o abanão do acidente de Roskilde onde morreram nove fãs. Quando regressaram em 2000 a Portugal para um concerto no Pavilhão Atlântico fomos a correr comprar o bilhete, mas a sua posterior transferência para o relvado do Restelo foi como uma facada na confiança que ainda tínhamos na banda e sentimo-nos quase traídos. Serve, assim, o documentário para nos esclarecer melhor os últimos dez anos de altos e baixos, período em que acabamos por ouvir na mesma todos os discos editados mas com uma distância emocional bem diferente. Percebe-se pelo filme que o perigo de implosão dos Pearl Jam é, no fundo, sempre real mas uma rara amizade e amor à música fazem da banda um caso único de imprevisibilidade e inquietude. Por falar nisso, anuncia-se para Outubro mais um disco de originais a que certamente não vamos passar ao lado. Que venham mais vinte anos... ou discos!                                     


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