segunda-feira, 15 de junho de 2015

SINFÓNICA & GREGORY PORTER, Casa da Música, Porto, 13 de Junho de 2015

















Esta fotomontagem de promoção do concerto de Gregory Porter com a Orquestra Sinfónica da Casa da Música parecia ser premonitória. Usando uma fotografia captada na Sala Suggia onde Porter já tinha brilhado em outubro de 2013 na sua estreia pela cidade e local de ensaio prévio, a imagem remetia, por coincidência, para a Praça Guilhermina Suggia em Matosinhos para onde o concerto estava agendado com acesso gratuito. Mas a chuva decidiu aparecer ao longo do dia e o evento foi transferido umas horas antes para a Casa da Música perante uma atribuição de bilhetes condicionada e, obviamente, polémica atendendo à enchente esperada. No conforto do espaço, o inédito espectáculo encheu as medidas de mil sortudos mas será sempre especulável o que poderia ter acontecido ao ar livre numa noite de verão e com pleno usufruto sonoro. Sim, porque a sala principal da CdM continua a evidenciar as suas antigas e irresolúveis limitações acústicas que, continuamente, parece abafar uma simples bateria quanto mais uma sinfónica inteira e um quarteto de jazz! Juntar-se a uma orquestra é um hábito que Porter vai promovendo amiúde, um momento sempre especial e desafiador para um jovem artista multifacetado e "spirit free" que já o levou inclusivamente a cantar para os Disclosure, a emparceirar com Laura Mvula ou Julie London, a enfrentar sem mácula versões de Van Morrison, Debie Gray ou Sam Cooke ou até a agendar uma ida a Glastonbury no próximo fim-de-semana! O alinhamento das suas canções de toque groovy e gospel claro que sofre uma modificação momentânea que por vezes nos soou perfeita, noutros escassa - o conjunto de violinos pecou por sub-utilização - e até excessiva como aquele saxofone "oceano pacífico" demasiado exposto. Há, no entanto, uma voz forte e certeira que Porter soube sempre usar com mestria, envolvendo tudo e todos e merecedora dos rendidos aplausos da arrebatada plateia. Um concerto notável, seguro, divertido a que faltou "um bocadinho assim" para a grandiosidade.

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