sexta-feira, 11 de setembro de 2015

NO RASTO DE ERIN MORAN













Onde estás, Eddy? Fizemos a pergunta há já cinco anos mas a resposta sobre o paradeiro da americana Erin Moran, autora em 2004 de um álbum mítico sob o nome de A Girl Called Eddy, é ainda nebulosa. Mais de dez anos depois, esse disco continua a ter uma legião de fãs dependentes na qual nos incluímos sem restrições e sempre na expectativa que, milagrosamente, algo de novo aconteça. Assim, voltamos à carga e retomamos, na medida do possível, o seu rasto através da rede. Isto foi o que encontramos.

O anunciado álbum de regresso agendado para 2009 que recebeu até o título de "You Get The Legs You're Given" era afinal só isso, um nome sem conteúdo para manter o interesse mediático. A confissão surge num primeiro grande trabalho de investigação, a que se junta uma entrevista, publicado em Abril de 2014 pelo site The Recoup, uma netzine eclética que aí apresenta, pela pena de Joseph Kyle, uma notável série de factos na primeira pessoa: a ligação musical a Richard Hawley, a assinatura tremida pela Anti-Records, as euforias, desilusões e frustrações próprias de quem se aventura no mundo da música, mas também confirma uma vida em pleno, gravando canções ou ocupando estúdios sem pressões contratuais.

Uma dessas revelações refere-se à sua inusitada participação no recente filme "Jingle Bell Rocks", que já por aqui demos nota, uma espécie de documentário sobre coleccionadores de discos natalícios. O seu realizador, Mitchell Kezin, apaixonado pelo tema de Nat King Cole "The Little Boy That Santa Claus Forgot" e sabendo que Erin o tinha magistralmente gravado para uma compilação da revista Mojo de Janeiro de 2004, convidou-a a realizar uma perninha na película onde, ao que parece, o interpreta ao vivo. A versão disponível refere-se, no entanto, a uma outra compilação mais tardia - "A Very Joma Christmas" (2009) - onde se misturava com alguns nomes quase desconhecidos do indie rock



Ainda no capítulo das versões e respondendo novamente a um apelo da Mojo, não pode passar despercebida outra excelente cover, desta vez do tema "Julia" de Lennon incluído no "White Álbum" e que aquela publicação decidiu homenagear em 2008. Erin fechava, então, o primeiro disco com esta delícia...



Na referida história de vida percebe-se que a artista, contrariando a reclusão, tem participado em discos, canções ou projectos de diversos quadrantes. Foi assim fazendo backing vocals para o tema "Brandy Alexander" que Ron Sexsmith escreveu a meias com Feist e que ambos gravaram em discos separados, aparecendo creditada dessa forma em "Exit Strategy Of The Soul", disco do canadiano de 2008. Mais recentemente respondeu a, pelo menos, mais dois convites para fazer ouvir a sua inconfundível voz: no tema "Novemberlong" do colectivo nova-iorquino Gramercy Arms incluído no álbum "The Seasons of Love" de 2014 e da qual há uma versão ao vivo sem, contudo, a sua participação e em "Don't Ever Say", canção de 2015 de uns tais Liam McKahey and the Bodies, banda do vocalista dos saudosos Costeau com quem Erin já se tinha cruzado em 2001 numa das suas primeiras actuações ao vivo!





As lacunas documentais, em tempos de digitais, continuam, mesmo assim, confrangedoras. Não existem registos videos de actuações ao vivo ou sessões de rádio, apesar da circulação limitada e obscura da sua passagem pelo programa de Tom Robinson da BBC continuar a estar "enterrada" online. A única boa notícia é mesmo a reedição já deste ano do disco em versão de vinil que há muito sonhávamos e que as marcas da própria capa original tão bem sugeria. Para que A Girl Called Eddy não continue a ser na net um site duvidoso, só mesmo um outro disco de originais que, aparentemente, Erin não tem pressa nem vontade de gravar. No fundo, talvez seja melhor assim. Nada como recordar essas canções já decanas como estes maravilhosos lados B de singles que, em boa hora, fãs devotados continuam a "plantar" na rede à espera de frutos...       




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