terça-feira, 13 de setembro de 2016

(RE)LIDO #77





















M TRAIN
de Patti Smith. New York; Alfred A. Knoff, 2015
Tratada que foi a infância e o início da idade adulta no livro "Apenas Miúdos" e onde se destacava a relação decisiva com Robert Mapplethopre, Patti Smith traz-nos em "M Train" um outro conjunto de memórias quase intemporais mas onde a ferida pela morte do marido "Fred Sonic" Smith em 1994 funciona como catalizador de peripécias e intimidades. Tudo começa no café habitual, na mesa habitual, com a bebida habitual - café, muito - despoletando histórias verdadeiras de latitudes diversas e amplas, desde a Casa Azul de Frida Khalo no México a cemitérios e sepulturas de Jean Genet em França ou Sylvia Plath em Inglaterra, ou ainda conversas com Paul Bowles em Marrocos. Entre outras recordações, gostamos particularmente da confissão referente à descoberta dos livros de Murakami que a levou a uma leitura compulsiva das suas obras (sabemos bem o que isso é...) e a saborosa aventura na aquisição de um pequeno mas resistente bungalow junto à praia de Far Rockway, um esforço traduzido numa digressão pela Europa para juntar a verba necessária, refúgio que nem mesmo o furacão Sandy de 2012 teve força para destruir! Ao longo do livro vai sobressaindo uma calma e uma paz de espírito avassaladoras em que a mestria artística de Smith e a sua notável perspicácia - excelentes as Polaroids eleitas para ilustrar muitas destas memórias - nos conduzem irremediavelmente a uma dimensão de liberdade que, apesar de solitária, é como se fosse de todos nós. A Patti Smith dá-nos asas...




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